20 de março de 2011

O Pátio de Letras volta a Cacela - Dom. 27 Março (10h30 - 17h30)

Apesar de no poster feito pela organização (ADRIP e o CIIPC / CMVRSA ) não mencionar que os livros novos também vão estar no Mercadinho, posso comprovar que nos convidaram e aceitámos! Vamos com livros novos a preço de "usados" :)...
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17 de março de 2011

6ª f 20 Maio, 22h - ENTRE MARGENS -inauguração de exposição fotográfica

da autoria de Vasco Silva Lopes
arquitecto de formação, partilha a presente mostra 'entre margens' não como um projecto planeado e acabado, mas como uma deriva de visões insulares e ribeirinhas de Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique, onde pretende fugir a modelos de turista ocasional ou visões etnográficas.
A linha condutora é simplesmente o momento de imagens captadas 'entre margens' dessas realidades, ritmos e pausas.

16 de março de 2011

15 de março de 2011

13 de março de 2011

MARISA MÁRTIRES: inaug. EXPO 30/4, 22h, esplanada do Pátio de Letras

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Sáb. 2 de Abril: CALIGRAFIA - inauguração EXPO e WORKSHOP

exposição: patente até final de Abril

custo do workshop: 30 € público em geral; 25 € alunos e funcionários da UALG
inscrições para o workshop: alacerda@ualg.pt

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3 de março de 2011

A Actualidade do Pensamento de Tolstoi

Na palestra que teve lugar a 26/2/2011 no Espaco de Memória-Pátio de Letras, em evocação do centenário da morte do escritor L. TOLSTOI, foi distribuído aos presentes um folio com uma selecção de pensamentos do grande autor russo, elaborado por conferencista, Pedro Teixeira da Mota. Chamou-lhe PENSAMENTOS-SEMENTES DE TOLSTOI (1828-1910)


Da Anexação da Bosnia e da Herzegovina pela Áustria”, 1908.
“Estamos tão acostumados a pensar que alguns homens devem governar a vida dos outros, que as leis emanadas de alguns deles, mandando aos outros crer ou proceder de certo modo, não nos parecem estranhas. Se os homens podem publicar tais decretos e obedecer-lhes, é porque não reconhecem nas pessoas aquilo que é a verdadeira essência de todo o ser humano – a divindade da sua alma, sempre livre e incapaz de se submeter a qualquer coisa que não seja a sua própria lei, isto é, à consciência e à lei de Deus...”

“O patriotismo, para todo o membro de um grande estado e para mim, um russo, não somente envolve a ausência de simpatia para com milhares e milhões de homens, polacos, finios, judeus e das várias tribos caucásicas, mas também resulta em que eu seja o objecto do ódio dos homens, aos quais não fiz mal algum e com os quais nenhum relacionamento tenho. Para as pequenas raças ou nações escravizadas é ainda pior: pelo lado espiritual é a causa justificadora do ódio a um povo que lhes é estranho, e pelo lado material produz toda uma série de opressões, perdas e sofrimentos; e este sentimento obsoleto, grosseiro, e moral e materialmente pernicioso, é advogado e insinuado por todos os meios, da parte daqueles a quem aproveita, e é ingenuamente aceite como virtude e bênção por aqueles aos quais é manifestamente nocivo”.

“Os povos devem ter consciência da sua dignidade humana, igual para todos, incompatível com o domínio de alguns sobre a vida dos outros, ou com a sujeição desses outros a qualquer. Esta consciência é unicamente possível para os homens que conhecem o seu destino na vida e seguem na conduta a direcção que deriva daquele conhecimento. E só conhecem o seu destino na vida e seguem na conduta a direcção que daí deriva, aqueles que tem religião.

“Hoje ainda vivo; amanhã, provavelmente, já não existirei, mas terei partido, para sempre, para o lugar donde vim. Enquanto vivo, se estiver em relações de amor com os homens, será isso para mim a alegria, a paz e o bem. Por conseguinte, enquanto vivo, desejo amar e ser amado. Mas, de repente, os homens aproximam-se de mim, e dizem: «Vem connosco para prender, e executar e massacrar e combater! Será para teu interesse, e se não para teu, para o interesse do Estado” - “Que significa isso? Que é o Estado? Que dizeis?” será a a resposta de todo o homem que raciocina e não perdeu os sentidos. «Deixai-me em paz e não digais coisas tão estúpidas e horríveis.”
Para o homem adormecido, a autoridade do governo representa certas instituições santas, órgãos do corpo político vivo, e apresenta-se como condição indispensável da vida humana.
Mas, para um ser humano que acordou para a compreensão religiosa ou espiritual da vida, o que se chama a autoridade do governo consiste meramente na atribuição, que a si mesmo fazem certos homens, de uma importância imaginária, que carece de qualquer justificação racional, mantendo a sua vontade por meio de violência.
Para o homem acordado, esta gente desvairada e, em regra, venal, que coage os outros, é como salteadores de estrada que prendem os viajantes e os violentam. A iniquidade desta violência, as suas dimensões e organização, não pode alterar-lhe o carácter essencial.
Para o homem que despertou, aquilo que se chama o governo não existe, e não há por conseguinte justificação alguma da violência cometida em nome do Estado, e não pode ter parte nisso. A violência dos governos será abolida, não por meios externos mas unicamente pela consciência dos homens que acordaram para a verdade.”

“A relação com a fé era tal que a maioria dos seres humanos, não reconhecendo em si qualquer autoridade espiritual independente guiadora, cegamente se submetia à direcção de uma minoria escolhida, jtanto na compreensão da vida como na direcção das suas acções, enquanto a minoria, atribuindo-se qualidades sobrenaturais, considerou-se com o direito a guiar conjuntamente a vida espiritual e a corpórea da maioria.

A consciência de que a velha lei está antiquada, gasta e que levou-nos à maior miséria e anormalidade de vida, e de que a nova lei de liberdade e amor revelada há dois mil anos exige aplicação e realização, tornou-se agora tão íntima dos seres humanos, não só no nosso mundo cristão mas em todo mundo, que um despertar da escravidão e da perversão, nos quais a si mesmo se vê mantido há tantos séculos, pode, julgo eu, surgir num momento.
Porque na verdade, este acontecimento iminente, imensamente importante como é, depende não de quaisquer acções externas, que podem encontrar obstáculos invencíveis, mas inteiramente da consciência dos homens – que é sempre livre e nunca pode ser estorvada. De nenhumas façanhas ou acções difíceis em conflito com os inimigos mais fortes carece agora o povo do mundo inteiro para a sua emancipação, mas de uma só coisa, a coisa mais natural e normal ao homem – nem mesmo um acto, mas meramente uma abstenção – não fazer coisas contrárias à nossa convicção. E nem a convicção nem a abstenção de acções contrárias à convicção de cada um podem ser impedidas.”

“O homem pode libertar-se imediatamente de toda a posição difícil, se apenas se lembrar de que Deus vive dentro dele.
Deixai apenas que os homens concebam clara e firmemente o que eles são: deixai-os conceber o que foi ensinado por todos os sábios do mundo e o que foi ensinado por Cristo: que em cada homem, - como em todos, - habita o espírito livre eterno, todo poderoso de um filho de Deus; que o homem não pode governar nem estar sujeito, e que a manifestação desse espírito é amor.
Deixai que os homens concebam isto (e já estão preparados para o reconhecer) e deixai só que eles procedam em harmonia – ou antes, deixai que eles somente não procedam em contrário da sua consciencia, e imediatamente, da maneira mais simples e pacífica, todas as dificuldades se dissiparão, não só na Bósnia e Herzevogina mas em todo mundo cristão; não só na cristandade mas em toda a humanidade. Deixai que os homens que alcançaram o que lhes foi revelado, somente procedam em conformidade; e terminarão todos os horrores de que sofrem agora.

Deus deseja que sejamos felizes, e por conseguinte introduziu em nós a necessidade de felicidade. Mas desejou que fossemos felizes todos juntos, e não separados. A infelicidade dos homens vem do facto deles se esforçarem, não pela felicidade comum, mas pela felicidade individual. A mais alta felicidade para o homem é ser amado; este desejo está pois implantado nos homens; e, para ser amado, um ser humano, evidentemente, deve amar.

Diz-se que os homens só podem proceder para o seu proveito, e não podem sacrificar o seu proveito ao dos outros. Isto seria verdadeiro se, quando sacrificam o proveito do corpo, os homens não recebessem um proveito incomparavelmente maior. Pelo amor, um ser humano, procedendo pelo bem estar dos outros, obtém para si o maior bem estar...
O patriotismo, na sua significação mais simples e chã, e mais indubitável, não é nada para um governo se não o meio com o qual satisfaz as suas ambições e fins de cobiça; e, para o governado, é a renúncia à dignidade humana, à razão e à consciência, e uma submissão servil aos que estão no poder. Neste sentido é pregado em toda a parte onde totalmente se prega. O patriotismo é escravidão.

“O mal não pode ser suprimido pela força física do governo. O progresso moral da humanidade não é provocado só pelo reconhecimento individual da verdade mas também através do estabelecimento da opinião pública...

“Os seres humanos só podem submeter-se àquela lei suprema do Amor que dá o maior bem estar a cada indíviduo e a toda a humanidade. Só o reconhecimento, da parte dos seres humanos, do supremo princípio espiritual que neles está, e o reconhecimento consequente da sua verdadeira dignidade humana, pode libertar e libertará da servidão de uns aos outros. Esta consciência vive já no género humano, e está pronta a manifestar-se em todo o momento...


“Conversas com Teneromo:
“O maior pecado ou erro de hoje é o amor abstracto dos homens, o amor impessoal para aqueles que estão em qualquer parte, ao longe...
Amar as pessoas que não conhecemos, que nunca reencontraremos, é tão fácil! Não temos necessidade de sacrificar o que quer que seja. E ao mesmo tempo, está-se contente consigo próprio! Mas a consciência está limitada ou esmagada. - Não. É preciso amar o próximo, aquele com quem vivemos, ou o que nos incomoda...”


“Fim de um Mundo”, 1905
“Nestes últimos tempos, a deformação do cristianismo deu lugar a uma nova mentira, que mais mergulhou os povos na sua servidão. Com a ajuda de um sistema complexo de eleições parlamentares, foi-lhes sugerido que, ao elegerem os seus representantes directamente, eles participam no governo, e que, obedecendo-lhes, obedecem à sua própria vontade, pelo que são livres. Tal é uma mentira. O povo não pode exprimir a sua vontade, mesmo com o sufrágio universal: primeiro, porque uma tal vontade colectiva de uma nação de muitos milhões de habitantes não pode existir; segundo, porque mesmo que ela existisse, a maioria das vozes não seria a sua expressão. E não insisto no facto que os políticos eleitos legislam e administram, não para o bem general, mas para se manterem no poder, - e mesmo sem considerarmos o facto da depravação do povo devido à pressão e à corrupção eleitoral, - esta mentira é particularmente funesta, por causa da escravidão presunçosa onde tombam os que se submetem...
Estes homens livres lembram os prisioneiros que se imaginam desfrutar da liberdade, ao terem o direito de eleger dos seus carcereiros os encarregados da polícia interior da prisão...


Na “Guerra e Revolução”, critica a ciência moderna e «os seus fúteis problemas: origem das espécies, análise espectral, natureza do rádio, teoria dos números, fosséis de animais e outras maluquices, às quais se atribui a mesma importância que se atribuía, na Idade Média, à Imaculada Concepção ou à dupla natureza substancial Divina.»
“Estes servidores da ciência, tal como os que servem a Igreja, persuadem-se e persuadem os outros que salvam a humanidade, e, do mesmo modo que a Igreja, acreditam na sua infalibilidade, nunca estão de acordo entre eles, dividem-se em capelas, e , tal como a Igreja, são a causa principal da grosseria, da ignorância moral, do atraso nos homens em libertarem-se dos males que sofrem, já que eles rejeitaram a única coisa que podia unir a humanidade: - a consciência religiosa...»


Da Carta ao mahatma Gandhi,” dois meses antes de deixar à terra:
Quanto mais vivo- e sobretudo presentemente, quando sinto com clareza a aproximação da morte – mais forte é a necessidade de me expressar acerca do que me toca mais vivamente no coração, sobre o que me parece de uma importância inaudita: ou seja, que aquilo a que se chama Não-resistência não é no fim de contas se não o ensinamento da Lei do Amor, não deformado ainda por interpretaçõe mentirosas. O Amor, ou, noutras palavras, a aspiração das almas à comunhão humana e à solidariedade, representa a lei superior e única da vida...
E isto, cada um o sabe e sente nas profundezas do seu coração (vemo-lo mais claramente nas crianças). Ele sabe-o enquanto ele não estiver entortilhado na massa de mentira do pensamento do mundo.
Esta lei foi promulgada por todos os sábios da humanidade: indús, chineses, hebreus, gregos e romanos. Ela foi, creio, expressa mais claramente pelo Cristo, que disse em termos simples que esta Lei contém toda a lei e os profetas. “


Selecção de Pedro Teixeira da Mota, 26 de Fev. de 2011

2 de março de 2011